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ODE AO AMOR

ODE AO AMOR

 

(Este texto foi feito para ser lido, ou melhor, declamado, por causa da rima e da métrica. Ele está composto com versos de sete silabas, e quase sempre com as tônicas na terceira e na sétima. As últimas são livres. Imaginei a fala de três vozes ou três personagens ocultos que dizem os versos: o “narrador”, os “outros”, e a “personagem”. 

 

 

NARRADOR:       Oh, senhoras e senhores!

Uma estória vai contar.

De uma moça e seus amores

que vivia a cantar.

 

Ela andava sempre rindo.

Isso era muito estranho:

Ver tudo sempre lindo

Com seu lindo olhar castanho.

 

Vendo sempre a vida bela!

Nada pra ela era feio!

Tudo era bom pra ela,

de nada ela tinha receio.

 

Muitos achavam um mistério

alguém estar sempre tão bem.

 

OS OUTROS:       “Um distúrbio… é algo sério”,

ou “ela é louca também”.

“Como alguém no nosso mundo,

Mundo cheio de maldade.

Na verdade, um mundo imundo, 

conseguir só ver bondade?”

 

 

NARRADOR:       Até que um dia resolveram

Pra ela ir perguntar.

A verdade, aí souberam,

quando ela pôs-se a contar:

 

A PERSONAGEM:         “O meu mundo é sempre belo.

Não por ausência de dor,

nem ausência de flagelo,

muito menos de rancor.”

 

NARRADOR:       Então, aí perguntaram

Se ela gostava do mal.

Pois todos eles pensaram:

 

OS OUTROS:       “Seria ela normal?”

 

 

NARRADOR:       Foi ela então explicando,

O porquê feliz vivia.  

Disse estar sempre amando

com todo amor que podia. 

 

Sem senão e sem contudo

quiseram todos saber

qual o nome do sortudo

detentor de tal jaez. 

 

A PERSONAGEM:        Négo que alguém eu amo.

Meu coração é de ninguém.

Nenhum homem é meu amo,

à ninguém eu digo amém.

 

OS OUTROS:                “Ora, diga o nome dele,

                                      Diga quem é o namorado. 

                                      Saberemos que é ele.

Homem de sorte o danado!”

 

 

A PERSONAGEM:       

“Se lhes contar eu quisesse 

o nome do jovem rapaz

 se porventura tivesse…

não lhes diria… jamais !”

 

Mas vou contar então a quem amo:

 

“Amo a todos e a nenhum.

Amo ao feio, como ao belo.

Eu amo.

 

Ao carinho e ao açoite.

Amo o dia como a noite.

Amo a terra e amo o céu.

Amo o nu e amo o véu.

Eu amo.

 

Amo danças e cirandas,

Amo velhos e crianças.

Amo o rés e arranha-céus.

Amo igrejas e bordéus.

 

Eu amo.”

 

 

OS OUTROS:                “Ora, então diga logo a quem amas,

sem palavras em anagramas ,

sem rodeios e sem dramas.

Diga!   

… aos senhores e às damas !”

 

 

 

 

A PERSONAGEM:        “Pois digo, então,  

Se já não entenderam.

 

Meu amor é por inteiro!

Meu amor é amor-perfeito.

Um amor que sai do peito,

Um amor feito respeito.

Mas que nunca é satisfeito.

 

E se não amo a ninguém,

não é por nenhum desdém.

Amar somente alguém

É pouco e fica aquém.

                                     

E se não entenderam ainda,

Mais claro vou expor:

 

Rogo e peço… por favor

Entendam!: 

 

o que eu amo…

 

Eu amo … é o próprio amor !

 

 

 


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