Suicidas
de Raphael Montes
Um amigo jornalista me recomendou, fez comentários elogiosos e fez questão de me dar o seu exemplar. Com tanta gentileza não poderia deixar de ler “Suicidas”, tendo por único preâmbulo os elogios do meu amigo e a informação de que o autor o escreveu quando tinha apenas dezenove anos.
Acabei de ler. Os adjetivos do meu amigo foram poucos. “Uau!”, “Ufa!”, “Nuossa!” eram agora as minhas expressões.
Da primeira à última página, literalmente, Você fica preso pela narrativa realista, coerente, expondo de maneira crua ou cruel os fatos, e ainda analises psicológicas de cada personagem, que não são poucos, e o retrato social de exemplares da sociedade das camadas médias e altas da sociedade carioca contemporânea.
A síntese do enredo é breve: os corpos de um grupo de jovens são encontrados numa casa de campo, com as evidências de suicídio coletivo.
Mas a narrativa se dá, simultaneamente, em vários eixos, que se entrelaçam e se completam. Na investigação são encontrados textos de um dos jovens que queria ser escritor: um, em sua casa, que antecedem o evento central da trama, traça o perfil social e psicológico dos personagens centrais; e o outro que, surpreendentemente, são as anotações do mesmo personagem feitas durante todo o evento que culmina no suicídio coletivo. Inclusive o dele.
E a narrativa ainda reproduz o registro fonográfico das entrevistas feitas com as próprias mães dos jovens mortos, pela delegada que tenta coletar informações para entender aquela tragédia. Toda a trama é muito inteligente, revelando a sagacidade do jovem autor (jovem de idade, apenas) e a técnica da sua exposição objetiva permite compor os acontecimentos com detalhes cinematográficos.
Sem patriotada, acho que o Raphael Montes nada fica a dever a Stephen King ou Down Brown, exceto quanto à promoção destes últimos.
Quem gosta de romance com começo, meio e fim, quem gosta de ficar envolvido em cada capítulo e não conseguir parar de ler, as quatrocentos e dez páginas destes “Suicidas” são puro prazer. E até na ultima página Você vai morrer de ler. Suicide-se mergulhando neste livro.